pdf. http://www.ppgartes.uerj.br/seminario/2sp_artigos/patricia_guimaraes.pdf
domingo, 3 de agosto de 2014
A poética progressiva de Hélio Oiticica
"No curso dos anos 1960-70, a poética Ambiental e/ou Experimental de Hélio Oiticica abre-se crescentemente ao campo enunciativo, elegendo o texto como campo de experimentação privilegiado. Além de inscrever palavras nos objetos e ambientes físicos que inventa, a escrita (e a fala) se impõe como desdobramento imediato de sua prática de artista. Indiferentemente, nomeia seus experimentos por programas, proposições, conceitos, experiências e/ou poemas, realçando sua condição comum de linguagem. O investimento na escrita ganha, porém, autonomia, ramificando-se em diferentes usos: diário de artista, artigos p/publicação, cadernos de notas, manifestos, textos críticos sobre outros artistas, relatos de suas proposições, cartas, contos e poemas - além dos Héliotapes, registros de falas gravadas em fita K-7. Oiticica preocupava-se em qualificar o estatuto de sua escrita, certificando-se em atender a dupla exigência poética e crítica definida pelo primeiro romantismo alemão como essencial à obra de arte moderna. Leia-se a nota seguinte (22 de fevereiro de 1961): [...] este diário é para mim, desenvolvimento de pensamentos que me afligem noite e dia, mais ou menos imediatos e gerais. Não sei se há fragmentação de assuntos e idéias, o que eu sei é que é vivo, é documento vivo do que quero fazer e do que penso. Na forma de diário de artista, o texto se auto-apresenta como mera anotação, avessa à disciplina argumentativa e às normas de estilo que regulam as fronteiras entre gêneros discursivos. Em movimento digressivo, aborda vários assuntos e em diferentes dicções, visto que a lógica linear de exposição e as soluções acabadas lhe parecem próprias das idéias abstratas. Artigos que escreve para publicação mantêm, contudo, o mesmo arranjo improvisado e fragmentário, e recusam, na palavra de HO, o caráter intelectual e a formulação de dogmas e idéias racionais. Desejando, em contrapartida, que as idéias participem da mobilidade do vivo, tudo que dizem esses escritos é parcial e provisório. Assim atualizam o modo de operar da escrita-fragmento, conceituada por Novalis e Friedrich Schlegel enquanto gênero romântico do texto, capaz de se apresentar como aforismo, poema, ensaio, carta e/ou romance. Impreciso e ambíguo, a uma só vez, crítico e poético, por isso mesmo, mais e menos que um gênero, tende à abertura processual. "
Continuação:
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