Texto Performance artística no vivo e ao vivo de Maria Beatriz de Medeiros
A performance é arte tornada ação corporal efêmera, realizada no vivo ou ao vivo, isto é, realizada com a presença de performers, artistas e interatores (espectadores convidados à participação) ou realizada por meio de novas tecnologias de comunicação, como a internet. Aqui, não consideramos toda ação (to act) performance (to perform). O que denominamos performance é arte, isto é, voluntariamente ato que visa revelar o outro do mundo sensível e, assim fazendo, criar faíscas de sensível inteligibilidade, entre seres humanos. Inteligibilidade sensível entendida sempre como faísca: pedaços desgarrados de compreensão
redimensionável. E o sensível inteligente como aquilo que perdura. A sensação é
aquilo que dura (DELEUZE; GUATTARI, 1991). A percepção é aquilo que nos deixa abertos ao mundo. A performance quer tocar a percepção e ser guardada como sensação acariciada por alguma busca de compreensão.
A performance art nasceu como happening (evento); alguns a chamaram body-art, outros, art corporel, todos reivindicando para si o lusco-fusco inicial de um novo movimento artístico. Allan Kaprow, em 1984, em Salzburg, confidenciou-nos que apenas Wolf Vostell e ele faziam happenings, segundo a sua concepção de happening, qual seja, ação artística envolvendo a participação ativa do público. Como Kaprow, entendemos performance como ação aberta à participação do público, que assim não mais se chama “público”, mas “interator”. Aberta à participação do interator, toda performance teria um viés de improviso. François Pluchart (1983, p. 123) preferiu intitular seu livro L’art corporel (arte corporal) e assim se colocou: “Se a expressão ‘arte corporal’ tem o mérito de manter a questão do corpo no interior do domínio da arte, a palavra ‘performance’ gerou os piores mal-entendidos”.1 Concordamos com Pluchart: o corpo é o sujeito e o
objeto da arte da performance.
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