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Ed. 12Ano 2 | Nº 12 | Out 2014
Fragmento do texto "Resignificação coletiva da memória dos sentidos: um processo artístico com performance" de Élle de Bernardini
"Notei que pensar a performance enquanto arte possui um alcance SOCIAL e um apelo aos sentimentos das pessoas de modo geral muito maior que a pintura, por exemplo. Observei também que ela podia, se bem empregada com propósitos estéticos sérios, ser instrumento de reivindicação social. Ao mesmo tempo, percebi ainda na performance um papel de assegurar e conservar o caráter de essência da arte, que é de se direcionar aos sentidos dos sujeitos e, através dos sentidos, se fazer entendida. A performance é um veículo artístico de propagação de ideias e queixas, e ela acontece justamente onde o público se doa a recebê-la, prestando-se a dividir o tempo-espaço com ela, de modo que um afeta o outro reciprocamente, e ambos, sem saber, chegam a instantes semelhantes, a conclusões semelhantes. Em outras palavras, a performance desperta um sentimento de coletividade nos sujeitos, e ela faz isso evidenciando o que temos de singular, através da ação de uma única pessoa, do artista, e une todos os que dela participam em um sentimento coletivo, que resignifica o tempo todo a história e o próprio tempo-espaço. Num jogo mútuo entre performer e público, a performance coloca as pessoas em um estado de arte, e desse estado provém, além da recepção e contemplação da obra, o que eu particularmente considero mais importante para o presente em se tratando de arte e criações artísticas: a crítica, o exercício do qual muito Bertolt Brecht falou, que é o de ver o mundo com olhos estranhados."
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