Por Victor da Rosa
O escritor anarquista Hakim Bey, em seu teoria do TAZ - Zona Autônoma Temporária, já aconselha a pirataria como uma forma possível de levante. Piratão, uma ação realizada pelo coletivo Filé de Peixe, do Rio de Janeiro, consiste nisso: comercializar vídeo-arte - de artistas consagrados e emergentes, nacionais e internacionais - através de comércio informal. Tanto o preço dos vídeos, três por dez reais, livremente inspirado nos camelódromos da Uruguaiana; quanto a sua aparência tosca, com telas aramadas, embalagens de plástico, capas xerocadas; e finalmente a forma de vendê-los, através de anúncios realizados em um mega-fone, tudo se move pela apropriação - e não pela simulação - da pirataria.
A estratégia do coletivo é simples e parece eficiente. A pirataria aparece como um procedimento que torna possível 1) ironizar o mercado - usando, de algum modo, sua própria técnica; 2) criar um dispositivo pós-estético (político, portanto) para a arte. confundindo ficção e documento; e 3) até mesmo, com as vendas, democratizar idéias e mídias de arte. A performance, que foi feita em cinco estados diferentes, com mais de dez edições - a primeira edição aconteceu em maio do ano passado - já conseguiu vender em torno de 3.000 vídeos piratas, segundo sua contabilidade, que informa também os artistas mais vendidos em todas as edições. Se a performance não altera as regras do mercado da arte, consegue ao menos criar uma zona autônoma e temporária.
Fonte:
- http://victordarosa.blogspot.com.br/2010/12/helio-oiticica-acabou_05.html
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