terça-feira, 28 de outubro de 2014

Para onde vou?

A performance “Para onde vou?” pensada pela bolsista de extensão Mariana Schumacher foi feita hoje, dia 28 de outubro de 2014, na concha acústica da UERJ com a colaboração de Marina Silva e Natalia Rey. Na realidade, ela foi interrompida por funcionários da Universidade por infringir a ordem que não permite que esse tipo de manifestação artística aconteça, ou seja, pinturas, desenhos e cartazes são proibidos na estrutura física da Universidade.
A ação tem como fonte de inspiração a angústia de termos que decidir o futuro profissional diante de tantas possibilidades que acredito atingir muitos outros jovens além de mim. A pergunta que paira na minha cabeça acaba se tornando um pedido de socorro aqueles que passam e vêem a frase escrita no chão. Dessa forma, questionando-se também se estão no caminho certo, digo, no caminho da felicidade pessoal. A ação “Para onde vou?” muito se assemelha com a feita anteriormente “Você sabe para onde está indo ou apenas segue o fluxo?” pois ambas tem a mesma questão por trás.
A paralisação da performance na metade deixou rastros de um “para” no chão. Não à toa que essa palavra nos remeta ao verbo parar, proibir. A sociedade não permite a livre expressão, vivemos em uma falsa liberdade. Além de parar, tive que limpar a “sujeira” que causei, não podendo finalizar a ação e gerar a reflexão que gostaria no restante das pessoas.
O funcionário me perguntou quem tinha autorizado aquilo e eu respondi que não pedi autorização para ninguém, uma ação performática não tem o mesmo sentido se permitida. A performance deve ser fuleragem, assim como defende a artista Bia Medeiros. 





Registro: Natalia Rey

Registro: Natalia Rey

Registro: Natalia Rey

Registro: Natalia Rey

Registro: Natalia Rey


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Performatus


Linha editorial
"A partir das reflexões sobre a arte contemporânea e, mais especificamente, sobre o gênero artístico da performanceexpressão artística, de certa forma, ainda recente e pouco explorada, a eRevista Performatus vem a ser uma concretização de um veículo para promover a reunião de estudos sobre esta manifestação que tanto renuncia rótulos e se move sempre em direção ao interdisciplinar. Ensaios, críticas, entrevistas, traduções e um item chamado “perfil do artista” são os tópicos-estímulos para gerar reflexões em torno do ato performático, ou ainda, conforme uma designação mais atual e abrangente, do ato performativo.
Da raiz etimológica da palavra “performance”, podemos recorrer ao latim, de onde emergiu o termo “formare” – que denota “dar forma” – e “performatus”, que quer dizer “acabado de formar” e, com estas etimologias do termo, conforme constata a autora Isabel Carlos, podemos perceber a base comum da performance tanto nas artes plásticas como nas artes performativas.
“Performatus”, palavra que origina o nome do nosso objeto de pesquisa também deriva de onde nasce a língua comum do corpo integrante dessa eRevista: a língua portuguesa, que é aqui apresentada com características próprias de cada território em que é falada.
Performatus, eRevista trimestral especializada em estudos performativos, foi “acabada de formar” em Novembro de 2012 sob criação de Paulo Aureliano da Mata e Tales Frey, ambos fundadores da Cia. Excessos."

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Disparos e excesso de arquivos

DISPAROS E EXCESSO DE ARQUIVOS 


Paola Zordan - UFRGS 


Resumo 

Com Nietzsche, inspirado arquivismo de Foucault e atravessado pela esquizoanálise de Deleuze e Guattari, este texto explica os procedimentos de uma pesquisa híbrida, envolvida com performances, instalações, intervenções e superfícies pictóricas dentro do âmbito da Educação. Expõe como funciona um disparo de pesquisa e mostra como a paixão por alguns temas faz proliferar diferentes repertórios para a criação. Lista brevemente quatro arquivos de sua própria criação e explica o conceito de transvenção, que utiliza em função da dificuldade de nomear com termos já conhecidos o que produz. 
De algum modo prova como uma pesquisa na linha destes autores se deixa levar pelos encontros até selecionar os enunciados que o corpo estudado produz. 




sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Heróis do cotidiano

A performance " O Banquete de Platão" foi realizada pelo Coletivo de performance Heróis do Cotidiano em São Paulo, na Mostra de Artes do SESC 2010 nas Unidades SESC Carmo, Pinheiros e Ipiranga. 




A meditação como possibilidade criativa para o performer

Anais da VII Reunião Científica da ABRACE (Associação Brasileira de 
Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas)
Porto Alegre, 2011
A meditação como possibilidade criativa para o performer.
Tania Alice


RESUMO
Este artigo propõe uma reflexão sobre as possibilidades oferecidas 
pela prática da meditação (shamata) para o performer que trabalha com 
intervenções urbanas e/ou modalidades de atuação fora do regime de 
representação tradicional, dentro da perspectiva de construção de uma 
"cultura de paz" (Lama Padma Samten). A prática da meditação é pensada 
como uma ferramenta existencial que oferece novas possibilidades para a 
construção do ser, construção esta que passa uma possível reprogramação 
neuronal, que, por sua vez, permite uma ampliação da liberdade de escolha 
do performer diante das experiências e vivências cotidianas. Neste sentido, a 
meditação é também vista como um treinamento possível para o performer, 
na medida em que gera uma presença e capacidade criativa intensificada e o 
libera de uma forma de atuação condicionada no mundo, permitindo a 
construção de novos territórios criativos, fundamentais para o século XXI.

A potência autoficcional na construção da cena performática

ALICE, Tania. A potência autoficcional na construção da cena 
performática. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de 
Janeiro (UNIRIO). Professora do Departamento de Interpretação e da 
Pós-Graduação em Artes Cênicas. Performer e diretora teatral.

RESUMO
O artigo tem por objetivo articular o processo de criação performática com o 
conceito de autoficção, mistura entre ficção e realidade, elaborado no campo 
da criação literária nos anos 90. A partir de uma experiência de criação 
realizada pelo Coletivo de performance Heróis do Cotidiano que resultou em 
um work in progress intitulado Por que você é pobre?, surgiu o 
questionamento de entender por quê a utilização de material autobiográfico 
causava um aumento da potência cênica e performática, desde que 
articulado com uma inquietação de ordem social. O artigo visa problematizar 
esta questão, partindo dos dados autobiográficos que surgiram na equipe de 
criação sobre a questão da pobreza, tentando entender como os movimentos 
realizados a partir de matrizes pessoais foram estabelecendo um diálogo com 
uma dimensão maior, social, política e energética. O intimo da autoficção, 
elaborada a partir de memórias corporais e afetivas, ativa então uma 
memória social mais ampla, que por sua vez potencializa a capacidade de 
afetação do gesto artístico, inscrevendo-o no campo do "artivismo", diluição 
das fronteiras entre arte e manifestação social.

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A(r)tivismo e utopia no mundo insano

A(r)tivismo e utopia no mundo insano
Gilson Motta e Tania Alice1

Resumo:
O artigo investiga o conceito de utopia nas práticas artísticas 
contemporâneas. Pela instauração de micro-utopias que potencializam a 
circulação dos afetos, a arte contemporânea vem sendo marcada pela 
instauração de espaços de convivência alternativos, que recriam laços 
sociais e potencializam os vínculos entre os participantes, explorando as 
modalidades de uma "estética relacional" (Bourriaud) que visa gerar 
relações transformadoras num contexto dominado pela lógica neo-liberal. 
Configuram-se então territórios de resistência e de contaminação que se 
inscrevem em um movimento mais geral de "artivismo" que, partindo de 
uma revolução da subjetividade, propõe uma revolução dos nossos modos 
de perceber e habitar o mundo. No presente artigo, observaremos estes 
conceitos no trabalho do Coletivo de Performance Heróis do Cotidiano, do 
Rio de Janeiro. Ao buscar subverter os modos de percepção habituais, o 
Coletivo propõe uma partilha sensível, que pode resultar na modificação do 
olhar do participante e do performer sobre o espaço urbano e na 
transformação da relação que eles estabelecem entre si no contexto da 
esfera artística. 

 

"Por que você é pobre?" - uma reflexão cênico-performática sobre a segmentação dos espaços culturais do Rio de Janeiro

Anais do II. Colóquio Internacional de Arquitetura, Teatro e Cultura
Rio de Janeiro, 2012
"Por que você é pobre?" - uma reflexão cênico-performática sobre a
segmentação dos espaços culturais do Rio de Janeiro.

Profa. Dra. Tania Alice Caplain Feix
Artista-pesquisadora e professora adjunta da Escola de Teatro da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
Bolsista de iniciação científica: Larissa Siqueira
Bolsistas de iniciação artística: André Marinho e Daniele Carvalho


RESUMO:
O artigo propõe uma reflexão sobre a segunda fase da pesquisa realizada pelo
Coletivo de performance "Heróis do Cotidiano" dentro do projeto "Herói e sacrifício
da Grécia Antiga até a Contemporaneidade: uma investigação cênico-performática",
desenvolvido sob minha coordenação na Escola de Teatro da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), em parceria com alunos e professores desta
instituição e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ) e da
PUC/Rio. Na primeira fase, apresentada no Colóquio "Arquitetura, Teatro e Cultura"
em 2011, foi efetuada uma pesquisa performática acerca da questão do herói na
cidade do Rio de Janeiro, evidenciando os processos de subjetivação que fomentam
nossa percepção e concepção do que é um herói hoje. Partindo dessa questão, as
performances propunham e incentivavam novas cartografias possíveis para estas
subjetividades associadas à figura do herói, buscando ampliar a liberdade de
percepção e compreensão do conceito de herói e de sacrifício, mas também alargar as
fronteiras associadas à própria linguagem da performance. Na segunda parte da
pesquisa, as performances realizadas ao longo dos dois primeiros anos foram
reelaboradas, servindo de material para a criação de um espetáculo/instalação
realizado em torno da pergunta "Por que você é pobre?". Este material foi ampliado
por investigações de campo e criações por parte dos atores-performers envolvidos no
projeto. Os resultados desta pesquisa foram apresentados em maio de 2012 no
Castelinho do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro. Realizado integralmente sem
dinheiro e na base da troca de competência e saberes, o espetáculo propõe um desafio
ético e estético, tentando repensar os valores tradicionalmente associados a idéia de
pobreza e riqueza. Este desafio passa por um questionamento relativo à
funcionalidade de diversos espaços culturais (salas de exposição, teatro e
performance) da cidade do Rio de Janeiro, já que a pesquisa permitiu evidenciar a
maneira como estes espaços são tradicionalmente associados em nosso pensamento
contemporâneo à idéia de pobreza ou riqueza. Desta forma, o espetáculo propõe uma
reflexão sobre a segmentação dos espaços culturais na cidade do Rio de Janeiro:
segmentação que conduz à uma seleção quase orgânica das populações que os
freqüentam, gerando agrupamentos temporários organizados em função da lógica do
capital. O artigo propõe uma reflexão sobre estas questões a partir dos experimentos
cênicos realizados juntamente com o grupo de professores e alunos de iniciação
científica e artística, levantando e cartografando novas possibilidades de criação
artística, de trabalho, de produção de sentido e de reflexão sobre os mecanismos de
valoração éticos e estéticos dos espaços. O trabalho busca assim refletir sobre as
formas de diálogo possíveis com os espaços materiais e imaginários mobilizados no
experimento, tentando levantar novas modalidades de pensar o mercado da arte
contemporânea, transitando por esferas distintas e gerando visibilidade em cima de
questões associadas a valores, corporeidade e espacialidade de uma forma mais
ampla.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Coletivo Heróis do Cotidiano

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Coletivo de Performance "Heróis do Cotidiano", com sede na Praça São Salvador, Flamengo, Rio de Janeiro. O Coletivo é composto por Gilson Motta, Jarbas Albuquerque, Larissa Siqueira, Marcio Vito e Tania Alice, a fotógrafa Eléonore Guisnet e vários "amigos do herói", como Vanessa Augusta, Kamila e Bernardo Marinho.


O Coletivo de Performance Heróis de Cotidiano, em atividade desde 2009 nas ruas do Rio de Janeiro, realiza intervenções urbanas que visam a potencializar os afetos e gerar micro-utopias efêmeras e temporárias dentro do espaço urbano, trabalhando na linha do artivismo, mistura entre ativismo político e arte. Vestidos de super-heróis (ou não), os performers do Coletivo investigam a linguagem performática, fundindo elementos do teatro, das artes visuais, dança, meditação parada e em movimento e ativismo político com elementos da vida cotidiana,
fundindo as instâncias arte/vida e investigando os rituais como formas de comunhão.

As performances valorizam o elemento relacional na arte, que considera como foco da obra de arte a transformação da relação entre performers e participantes, recriando um vínculo entre ambos e o espaço urbano e a natureza. Criando irrupções poéticas dentro de espaços urbanos sempre mais organizados em função da lógica neoliberal, as performances conduzem a uma forma alternativa de perceber e vivenciar os dispositivos sociais cotidianos e a repensar a relação entre arte e mercado e entre arte e “não-arte”.

Além das intervenções urbanas realizadas de forma cotidiana ao longo da pesquisa, vinculada ao projeto de pesquisa de Tania Alice na UNIRIO, o Coletivo apresentou seu trabalho em diversos eventos artísticos nacionais e internacionais como a Mostra de Artes do SESC São Paulo, o Encontro de Arte Contemporânea de Aix-en-Provence (França), o Fórum Cidade Criativa, o SESC Palco Giratório, o Simpósio Internacional da Brecht Society, a Semana de Arquitetura da PUC/RJ,  O Festival de Inverno do SESC, entre outros. Em 2012, o Coletivo se colocou o desafio de realizar sem dinheiro nenhum o espetáculo Por que você é pobre? (direção: Tania Alice), que ficou em cartaz durante 2 meses no Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho, no Rio de Janeiro.

Os registros em vídeo das performances foram apresentados na abertura de festivais de cinema e vídeo importantes como a Mostra Globale, a Mostra de Arte Livre e Sincera, o Festival Tricycle de Cinema de Washington, a Mostra CineSul ou a Mostra do Filme Livre. O Coletivo ganhou o Prêmio Artes Cênicas nas Ruas 2010 e o Prêmio de Circulação do Estado do Rio de Janeiro em 2011.


HERÓIS DO COTIDIANO - Trailer oficial - UNIRIO




Referências:
- https://www.blogger.com/profile/04350508139561023977
http://taniaalice.com/herois-do-cotidiano/

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

9 variações sobre coisas e performance

9 variações sobre coisas e performance

André Lepecki, Sandra Mayer

Resumo


Observado uma proliferação de uso de coisas, objetos, tralha em vários trabalhos de dançaexperimental e performance art recentes, proponho nove teses preliminares sobre tal fenômeno. Partindo do conceito de “dispositif” em Giorgio Agamben, e da sua expansão para lá dos limites com os quais Michel Foucault o havia definido, foco em como Agamben diagnostica uma onipotência no cerne do dispositif e que determina a subjetividade contemporânea como essencialmente subjugada ao jugo de objetos-dispositifs. Extraio desta noção, por via da obra de Fred Moten em estudos da performance e estudos críticos de raça, a necessidade de um movimento de co-liberação de sujeitos e objetos desse modo de sujeição ao dispositif. Com Karl Marx e Guy Débord, associo essa liberação a uma rejeição do objeto como dispositif-mercadoria, e procuro a afirmação objetiva-subjetiva da coisa. Invocando um paralelo com o devir-animal que alguma dança e performance buscam desde os anos 1960, proponho um devir-coisa na dança e performance recente, onde tanto objetos como sujeitos se libertam do jugo do dispositif-mercadoria e de noções de instrumentalização. Neste devir-coisa na dança, as teorias de Mario Perniola e Silvia Benso são fundamentais.

http://www.revistas.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/3194