sexta-feira, 24 de abril de 2015

Bárbaros

Performance de artista visual chama atenção de público na Praça Saldanha Marinho
Atividade fez parte da programação do Grito Rock Santa Maria



Quem passou pela Praça Saldanha Marinho por volta das 16h30min desta quinta-feira, provavelmente se deparou com uma situação inusitada. Perto do coreto da praça, uma pessoa gritava, em um microfone, repetidamente, a palavra: "bárbaros".
A intervenção era mais uma das performances da artista visual Élle de Bernardini. Com o nome de "Báááárbaros", o objetivo da performance, segundo Élle, era de trazer perturbação e o desconforto às pessoas que passavam pela praça. A ideia da artista foi gritar até perder a voz.
Para se preparar, Élle ficou durante 14 horas sem beber água e fez compressas com gelo no pescoço, para facilitar o processo da perda da voz.
Denise Lovato, 36 anos, passava pelo local e entendeu o ato como um protesto:
— Eu vi que as pessoas se incomodaram. Mas entendi que ela quis dizer exatamente isso: as pessoas se incomodam com os gritos dela, mas as barbaridades que acontecem por aí não as incomodam tanto.

Fonte:

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Coletivo Basurama

A intervenção do coletivo foi nomeada “A Cidade É Para Brincar. Sou Criança De 0 a 99 Anos” e ocorreu na Virada Cultural 2013 de São Paulo, no final de maio de 2013. Saiba mais na continuação.
Em um dos pontos mais privilegiados da cidade de São Paulo, no Viaduto do Chá, o coletivo Basumara instalou sua intervenção: “A Cidade É Para Brincar. Sou Criança De 0 a 99 Anos”. Presenteando o Vale do Anhangabaú com cores, sorrisos e um ar mais lúdico meio ao festival.
Os balanços foram feitos de pneus que estavam abandonados e cortados pela metade. Através de longas cordas estes foram colocados no vão do Viaduto do Chá, acompanhados de bandeiras coloridas que, além de ampliar a sensação de movimento, se destacavam sob a estrutura cinza do viaduto, colorindo o centro paulista.
Ainda em abril de 2013, o coletivo já havia feito uma intervenção semelhante, também em São Paulo, no Elevado Presidente Costa e Silva, conhecido como Minhocão. Intitulada “Balançar, eu adoro!”, a instalação fazia parte do Parque de Diversões Minhocão e contou com a parceria de mais dois coletivos (MUDA e Sociedade Anônima) em sua criação. Aqui os balanços receberam o nome de “Poltrona de Pneus” e seus criadores disponibilizam neste link as instruções necessárias para você criar o seu próprio brinquedo.
Em ambos os locais, crianças, adultos e idosos se revezavam para desfrutar dos balanços em meio à cidade. A instalação pode ser interpretada como um manifesto que é criado através de seu gesto, o qual nos ensina como a cidade pode ser explorada de formas alternativas e lúdicas, entregando a seus cidadãos novas experiências que rompem a rotina a qual estão acostumados. 



Fonte:
- http://www.archdaily.com.br/br/01-118456/a-cidade-e-para-brincar-basurama

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Urbanismo tático

"Tratar os problemas nas cidades com ações rápidas e facilmente executáveis, que mostram a possibilidade de mudança de longo prazo."
-> gentileza urbana
-> coletivos artísticos e arquitetônicos plantam projetos de reconfiguração urbana à margem do poder público

Exemplos:

- Coletivo Muda 

Formado pelos designers Bruna Vieira e João Tolentino, e pelos arquitetos Diego Uribbe, Duke Capellão e Rodrigo Kalache em 2010, o Coletivo MUDA vê a cidade como um laboratório de transformação. MUDA vem de mudança. Associada à arte de rua, as suas intervenções espaciais alteram de fato a natureza do Rio de Janeiro, onde espaços públicos por toda a cidade agora servem de palco para as suas mais variadas manifestações.

- Coletivo Basurama
O coletivo Basurama se dedica desde 2001 à gestão e produção de manifestações culturais variadas. Seus projetos enfatizam a importância do espaço público como ponto de encontro e interação nas cidades, propiciando a transformação social mediante estratégias lúdicas e participativas junto da necessidade de prolongar a vida útil de certos materiais para que estes não terminem no lixo.

- Coletivo Opavivará
OPAVIVARÁ! é um coletivo de arte do Rio de Janeiro, que desenvolve ações em locais públicos da cidade, galerias e instituições culturais, propondo inversões dos modos de ocupação do espaço urbano, através da criação de dispositivos relacionais que proporcionam experiências coletivas. Desde sua criação, em 2005, o grupo vem participando ativamente no panorama das artes contemporâneas.

Fontes:
- Revista Select (matéria de Luciana Pareja Norbiato) - ABR/MAI 2015 - ano 05 - edição 23
http://coletivomuda.com.br
http://www.archdaily.com.br/br/01-118456/a-cidade-e-para-brincar-basurama
http://www.opavivara.com.br/sobre--about/

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Preenchendo o Espaço

Marco Paulo Rolla
É artista multidisciplinar, professor e curador de performance, e criador, coordenador e editor do CEIA – Centro de Experimentação e Informação de Arte, em Belo Horizonte.
Preenchendo o Espaço coloca o artista, acompanhado de um acordeom, propagando o som ou a tensão do silêncio, fazendo da música e do movimento, estímulos para explorar infinitas imagens atmosféricas. Suas presenças serão desenvolvidas em improvisos ininterruptos entre o corpo, o som, o tempo e o espaço. 

  • Entrevista: 


Como surgiu a ideia de “Preenchendo o Espaço”?
Foi o contato com o acordeão. Achei no chão da casa de uma amiga e pedi emprestado. Eu percebi que tirava sons legais dele. Raptei o instrumento, liguei para essa amiga e disse que o acordeão estava tocando em outros dedos. Ela aceitou deixá-lo comigo. Além de ser dramático, ele tem um potencial de expansão de som muito grande. Vira um instrumento de sopro, órgão, algo orquestral. A princípio, chamei a obra de “Enchendo o Vazio”, mas mudei para “Preenchendo o Espaço” por ser mais amplo e pela poética da palavra também.

A relação com o acordão começou como hobby?
Eu não consigo fazer nada como hobby. Hobby para mim é ginástica, dança. Eu tenho um aprendizado musical forte, que vem da minha juventude. Quando peguei o instrumento e vi que eu tinha um domínio, eu decidi apresentar para as pessoas. Comecei a me perguntar onde eu teria um espaço que toparia a obra. Quando veio o convite de Marina, mandei muitas propostas complexas para ela, que optou por essa, a mais simples. Pensei nele por causa desse convite.

Qual é o principal objetivo com Preenchendo o Espaço?
 Esse trabalho em questão tem uma grandeza no material da música e no espaço como não visão. Um lugar vazio. A minha sensação é que eu ia atingir o emocional por meio da experiência musical das pessoas e do local. Também tem a ideia do improviso. É como uma morte viva. As imagens que eu construí têm um pouco de morte, drama e desaparecimento. Acho que isso é devido a música do acordeão ser dramática. O instrumento fica próximo do corpo. Vejo o instrumento como outro corpo, então tem o meu e o dele. Quando ele está acoplado no meu peito, sinto uma vibração. Eu saio do improviso muito arrepiado. Sensibilizado mesmo.   

Você consegue traçar um paralelo entre a sua performance e a do Fernando Ribeiro, O Datilógrafo?
Quando eu improviso, me conecto com o público por meio do olhar. Eu não posso falar nada, mas as pessoas ao redor podem. O Fernando vê coisas e reage, assim como eu. As duas obras têm o potencial dos acontecimentos cotidianos provocados pelo público.

Qual é a importância do público em “Preenchendo o Espaço”?
Ele pode ser um agente da obra. Eu fico ali numa meditação. O público pode interferir ou não, mas a energia de quem está ali sempre existe. O silêncio também faz parte da performance.

  • Confira:

"Encontro entre as performances "Preenchendo o Espaço", de Marco Paulo Rolla (BH), e "O Datilógrafo", de Fernando Ribeiro (Curitiba), durante a programação da Terra Comunal no Sesc Pompeia, no dia 10 de abril de 2015."

Fontes:





quarta-feira, 15 de abril de 2015

A arte pós-agora

Por Andréia Silva e Natália Martins

Tudo começou com uma letra de música. Inspirado em 'Diariamente', canção composta por Nando Reis e Marisa Monte, o artista plástico paulista Felipe Bittencourt deu início a um autodesafio: durante um ano, ele desenharia performances em uma folha de papel, mas sem concretizá-las. E assim o fez.
De 8 de dezembro de 2010 a 7 de dezembro de 2011, Felipe empenhou-se em desenhar um projeto de performance até as 10h do mesmo dia; depois, postava no Flickr a proposta desenhada.

Já no início da ideia o artista ganhou um “impulsionador”, como o próprio define. Depois de duas semanas de projeto, ele recebeu uma foto de estudantes do Chile realizando a sua sugestão de performance do segundo dia. Tal feito levou Felipe a ativar questões de autoria e compartilhamento. Afinal, o autor é quem realiza ou é quem escreve?

“No momento em que produzo um trabalho que fornece somente ideias, é provável que talvez alguém as produza. E produziram. É pensando nesses novos caminhos que procuro pensar a performance. Um deles é a questão de autoria. Se eu projeto e outra pessoa faz, de quem é o trabalho? Essa questão me interessa e agrada muito”, conta ele.

Após uma exposição na Galeria Baró, em 2011, Felipe decidiu reunir seus desenhos em um livro,Performance Diária, que ele lança pela editora nVersos.

“Sempre trabalho com autodesafios. Atualmente, pesquiso formas diferentes de discutir, pensar e produzir performances. No caso desta publicação, pensei muito em relação ao título que ela poderia ter. Performance Diária dita um pouco deste processo. A performance em si era desenhar todos os dias, e não os desenhos. Aqueles são ‘apenas’ projetos. Mas sei, sem dúvidas, que esses desenhos, naturalmente, ditaram meus estados atuais e uma espécie de mapeamento emocional”, completa Felipe.

Para o projeto de desenhar performances, Felipe não só se inspirou na música 'Diariamente' como também dialogou com vários artistas – performers ou não – e bebeu na fonte de referências da cultura pop, desenhando ideias que homenageiam ou ironizam, por exemplo, o artista belga Magritte, a performer Marina Abramovic e até mesmo o ator Tom Hanks, entre outros.



Para Magritte, famoso pelas obras provocativas e com objetos cotidianos, Felipe criou a performance chamada Isto Não É Uma Ilusão, inspirada no quadro Ceci n’est pas une pipe, com a imagem de um cachimbo e os dizeres “Isto não é um cachimbo”. Na performance, o performer deve destruir um cachimbo com um taco de beisebol.
Embora misture fotografia e desenho, o trabalho de Felipe é quase totalmente baseado nas performances.

 “Penso em formas de se discutir performance em tempos onde ela já é uma linguagem tão abrangente no campo das artes visuais”, diz ele, que chama sua arte de “arte pós-agora”.

“O termo é uma brincadeira que, a princípio, criei para mim mesmo. Seria um termo pessoal e, novamente, desafiador. Quero levar meu trabalho a patamares cada vez maiores de desafio e discussões artísticas”, diz Felipe.

Em 2011, Felipe foi selecionado para participar do Red Bull House of Art, uma das grandes vitrines para novos artistas, onde expôs seus desenhos e criou outros projetos paralelos.
Um deles foi uma performance feita na Casa Contemporânea, em São Paulo, em que ele ‘interage’ com um urso de pelúcia em escala humana. O urso acompanha Felipe em algumas fotos do artista espalhadas pela web e é do tipo que corresponde bem à famosa expressão “abraço de urso”.
“Uma vez me propuseram performar em uma exposição, na Casa Contemporânea, em que pensava em me igualar a um objeto. Pensei no bicho de pelúcia como um objeto que tenta ser bicho. Eu sou bicho e tentei ser objeto e, assim, ficamos lado a lado, imóveis, pelo maior tempo que eu conseguisse”, conta Felipe.

Mas o relacionamento com o urso durou mais do que uma performance, tanto que, depois, o artista realizou outro trabalho com o bichinho, o “Lições Para Pessoas e Coisas”, no qual apresentava situações violentas com o urso e, em seguida, as replicava com seu corpo, pensando num paralelo entre o sutil e lúdico versus agressivo e físico.

Desde criança tendo contato com música, dança e, depois, com o teatro, Felipe conheceu a performance em sua graduação e viu nela o potencial de unir os conhecimentos que tinha até então. Ela entrou na vida do artista como uma linguagem que conseguia comungar diversas manifestações onde o corpo, sendo ou não o do artista, é, além de suporte, o próprio trabalho.

Entre um projeto e outro, alguns ao mesmo tempo, ele já escolheu a sua frase-chave: “Para todas as coisas, dicionário. Para que fiquem prontas, paciência".


Fonte:
http://www.saraivaconteudo.com.br/Materias/Post/47067

terça-feira, 14 de abril de 2015

O datilógrafo

A performance O Datilógrafo fez parte do evento Jornalismo e Literatura, promovido pelo Sesc da Esquina, Curitiba/PR. Durante os dias 7, 8 e 9 de outubro de 2009, no horário do almoço e no fim da tarde, Fernando Ribeiro, portando uma máquina de datilografar portátil, ocupava algum espaço do Sesc da Esquina e começava a escrever.
Em cada lugar que parava escrevia uma página. Intitulava o dia e a numeração da página. Logo após escrita, colocava-a dentro de um pacote plástico e fixava no lugar em que escreveu. Os textos tratavam desde suas impressões do momento, observações que aconteciam até reflexões sobre a performance em si.
A performance alude as mais diversas questões, sejam biográficas ou não. Quanto a primeira, a datilografia possui um papel importante na vida do artista. Fora com 12 anos que cursou seu primeiro curso de datilografia. Logo começou a trabalhar como estagiário da escola, o que o possibilitou ampliar os cursos e o domínio da técnica. Para o artista a datilografia sempre teve um papel especial herdado de seu pai, que considerava o domínio de tal técnica como um primeiro passo para se conseguir um bom emprego.
Quanto a questões não-biográficas, a performance alude mesmo ao desenvolvimento tecnológico relacionado a escrita. Fernando Ribeiro colocava a máquina de datilografar no seu colo para escrever, como hoje é geralmente visto no uso de computadores portáteis. Quanto a escrita mesma, ela ganhava um corpo fenomenológico a cada letra escrita. Das palavras, dos erros, dos acertos, acentuações, pontuações etc, tudo que o artista escrevia naquele momento era impresso no papel. A própria correção ou anulação de uma escrita errada ou de qualquer outro erro era feito através da sobreposição de letras e hífens. A preocupação era de inscrever aquele momento, aqueles pensamentos e observações que corriam entre o toque dos 10 dedos sobre as teclas, olhando ou não para o teclado.
Sobre a própria escrita, a performance chamava a atenção do público por presenciar o uso de uma máquina que hoje caiu em desuso devido ao advento do computador. A relação do artista com o público era de diálogo direto, seja entre uma página ou outra, seja parando de datilografar para ouvir as estórias que cada um tinha em relação com a máquina ou mesmo com a prática. As pessoas mais velhas geralmente contavam estórias relacionadas, máquinas de datilografar que já tiveram ou que já trabalharam, as pessoas mais novas, principalmente crianças, tinham interesse no que era essa máquina, como ela funcionava e, por fim, no que o artista estava escrevendo.
foto: Christiano Montiani
Fontes:

domingo, 12 de abril de 2015

Deixar o vento

Primeira ação do ano do Núcleo de Pesquisa Corporal (10/04/2015)

A ideia surgiu a partir de um auto-questionamento, pois me vejo mudar de ideia muitas vezes durante um mesmo dia sobre planos do futuro, decisões do dia a dia ou até relacionamentos. Então, a performance apresentada consiste em anotar alguns desses pensamentos, recortá-los e espalhar todos eles, deixando o vento levar. A fim de excretar da mente todas essas turbulências e preocupações.
Duração: 30 minutos.

Deixar o vento
Mariana Schumacher










fotos: Bruner Santos 


quarta-feira, 8 de abril de 2015

Conexões teóricas entre performatividade, corpo e identidades

Conexões teóricas entre performatividade, corpo e identidades
Joana Plaza Pinto 
Universidade Federal de Goiás

RESUMO
Com base nas interpretações que Derrida (1990) e Butler (1997; 1998; 1999) fazem dos estudos de atos de fala de Austin (1976), este artigo discute as conexões teóricas entre performatividade, corpo e identidades. Uma visão performativa radical da linguagem propõe o corpo como elemento explicativo na análise das práticas identitárias. Os atos de fala repetidos dentro de um quadro normativo rígido constituem as identidades – atos ritualizados de um corpo que fala. Especificamente, as identidades de gênero são exemplos importantes para a compreensão dos aspectos lingüísticos na regulação dos corpos. 
Palavras-chave: performatividade; corpo; identidade; gênero.

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terça-feira, 7 de abril de 2015

Comentários texto 1

"Performance: a questão da autoria" - Ricardo Basbaum
Comentários

  • Inabilidade do artista em expressar integralmente sua intenção
  • Desde Duchamp, os objetos nunca mais foram os mesmos (imagem 1) 
  • Nos faz questionar o papel do público e do autor
  • Desconstrução da função-autor 
  • Artista = busca da invenção de si próprio -> O que significa isso dentro das questões cotidianas? Qual seria sua importância?
  • Chegada da arte conceitual e das performances como um confronto ético-formal (Cildo Meireles, Alex Hamburger, Márcia X etc) 
  • Hélio Oiticica - promoção de uma arte interativa na qual o participante da ação entra como co-autor (imagem 2) 
  • A questão da autoria para o artista acaba se transformando em apenas uma "marca individual", assegurando uma identificação. Trata-se de um jogo social , interessado na comercialização das obras. 
  • Nota-se, é claro, que o trabalho de arte necessita produzir uma potência no ambiente e em seus mediadores. 
  • Deleuze - "Nenhum artista se antecipa à obra."
  • O campo da performance oferece liberdade como nenhum outro, a possibilidade de ação é extensa. 
  • Problema atual: a demanda institucional necessita legitimar a performance como linguagem, o que acaba domesticando sua realização. 
"Se quisermos então falar do autor de performance, não seria mais adequado localizar o autor em performance?" 
Ricardo Basbaum 



1- A Fonte - ready-made
2 - Parangolé