Entrevista com Sta
TERTULIANA LUSTOSA – Após o sinal diga o seu nome e a cidade de onde está falando...
STALLONE ABRANTES – Eu sou uma bixa revolucionária paradisíaca, nascida na Paraíba, moradora da cidade do Rio de Janeiro e estudante do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFF.
T- Stallone, como você pensa a questão da nordestinidade?
S – Acho que pensar em nordestinidades é pensar inclusive de como a gente se constitui enquanto povo, enquanto Brasil. É negada a nossa relação com a ancestralidade que é nordestina e que é do povo chegado antes da colonização chegar.
T – Percebo que muitas das abordagens contemporâneas que discutem a diferença e a precariedade partem de um olhar sobre as ideias de centralidade e de marginalidade. Como você pensa isso no corpo nordestino?
S – Enquanto existência nordestina, nós somos negados à própria circulação, esquecendo que essa circulação está totalmente atrelada à própria noção de territorio. E outra coisa que se pode trazer é o corpo que circula nesse território. Mesclando território e corpo, a nordestinidade vai aparecer enquanto a própria infâmia, aquilo que não se quer ocupar uma centralidade, que se queira colocar à margem. E aí eu acho que a gente tem desmistificado essa construção que nos impõem e que naturaliza essa centralidade. A história nos é negada, mas remeter a nossa história ao nosso corpo é justamente desconstruir, desmistificar e criar outras possíveis centralidades que não sejam essa que nos é dada.
T – Você relaciona a questão da sua nordestinidade à sua prática acadêmica na psicologia?
S – Não tem como fugir, é o que me constitui. Por exemplo, na minha atual pesquisa eu tento atrelar a história da minha mãe à produção do conhecimento: como é que uma mulher nordestina que tem sete filhos e passou por várias questões tenciona o próprio campo da academia? Eu acho que ela é importante de estar no meu fazer... e pensar a nordestinidade, esse elemento que me constitui, é pensar um plano ético na minha pesquisa.
T – Alguma(s) palavra(s) final(is)?
S – Nordeste.
17/10/2016