sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Mentira Repetida

Existe uma natureza comum à obra de Rodrigo, a que expressa através de seu corpo um sentido de insuficiência em frente aquilo que não se supera tão pouco se esquece ou abandona. O esforço que ele repete define seu corpo como o território da dor que se representa inumana. Carne, terra, partes que nos entrega um grito como expressão de que somos dor no limite de um corpo que age e sente, entre a consciência e o que é falta no mundo vivo, na imprecisão entre ser e existir. Sua performance figura-se no transporte tátil entre a criação e o que subverte os limites próprios de quem gritou. O grito em quem ouve é seu negativo silêncio, a decalagem entre o vivido e a cena, o abismo que é arte no gesto que dura em sentido póstumo.”O homem é uma corda atada entre o animal e o além-do-homem: uma corda sobre o abismo. Perigosa travessia, perigoso caminhar, perigoso olhar para trás, perigoso parar e tremer. O que é de grande valor no homem é o fato de ser uma ponte e não um fim”(Nietzsche). Nesta obra, a dor parece se traduzir no timbre de um corpo insuficiente. O grito surge em uma paisagem e parece um teatro épico; dura um pouco mais e se torna insistência; falta fôlego ao corpo e o grito se torna angústia. O choro tenta contê-lo e o grito se abre na deiscência que germina a dor que o artista diz que sente. “Experiência é algo que age em nós quando agimos, como se fôssemos agidos no instante mesmo em que somos agentes” (Marilena Chauí). O grito esgota o corpo que sente.




Fonte:

http://paratyemfoco.com/multimidia/rodrigo-braga/

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