quinta-feira, 31 de julho de 2014

Márcia X

Cair em si - 2002
Ação de graça - 2002

Desenhando em terços - 2000

Ex-Machina - 2002

Pancake - 2001

Texto de Márcia sobre as performances


“Desenhando com Terços”, “Pancake”, “Ação de Graças”, “Ex-machina”, “Cair em Si”, são performances/instalações criadas entre 2000 e 2002 reunindo componentes característicos da religiosidade brasileira e de obsessões culturalmente associadas às mulheres, como sexo, beleza, alimentação, rotina, consumo e limpeza. Nestes trabalhos, imagens e ações habituais parecem contaminados pela lõgica dos milagres, contos da carochinha, sonhos e pesadelos.O uso de roupas brancas, camisolas e saias pregueadas, contribui para evocar enfermeiras, freiras, noivas, estudantes, filhas de Maria, boas meninas e boas moças, agindo no limite entre a consciência, o sono e o transe religioso. As ações propostas – lavar terços, encher copos de mingau, derramar leite condensado na cabeça, permanecer deitada, e outras – são repetidas e executadas até a exaustão física, até o fim do espaço, do material ou do tempo. Sabão em põ, grama, terços catõlicos, bacias, são materiais e objetos muito comuns, mas ao serem usados de forma deslocada, como os galos nos quais enfio meus pés (galos de verdade cravejados de pérolas) em “Ação de graças”, levam-nos a perceber como são absurdas imagens até então consideradas corriqueiras e inofensivas. Por exemplo, pessoas usando pantufas em forma decoelhos de pelúcia. As instalações resultantes da ação das performances permanecem em instalação, sendo simultaneamente o registro desta ação.


"Márcia Pinheiro de Oliveira (Rio de Janeiro, 1959 - Rio de Janeiro, 2005) foi uma artista plástica brasileira. Utilizando objetos eróticos, brinquedos infantis e objetos religiosos, suas performances e instalações são marcadas pela relação sexo/infância, em que objetos pornográficos são transformados em brinquedos infantis e estes em objetos eróticos. O movimento em suas peças evidencia a percepção do objeto como um corpo vivo.
Márcia X estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro,  e iniciou sua carreira nos anos 1980
A artista destacou-se nos últimos 20 anos como uma grande batalhadora pela arte contemporânea experimental no país, utilizando-se com freqüência da performance como meio de expressão.
Com uma carreira firme e independente, imune às críticas e sucessivos cortes de participação em salões e outras mostras e também à censura e ao cancelamento de diversas performances, Márcia X. foi uma artista como poucas. Sempre atenta à sua importância no meio artístico, Márcia X. seguiu em frente, lutando contra o que chamou de “enorme descrédito em relação à performance."

Para maiores informações sobre a artista:
- escritos pessoais
- fotos de obras e performances 
- biografia
- textos

Referências: 
http://www.pinterest.com/cristianecaiado/marcia-x/
- http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rcia_X
- http://www.marciax.art.br/ 


terça-feira, 29 de julho de 2014

O corpo do performer nas artes visuais

Texto de Douglas Negrisolli*

Resumo –  Este artigo discute a relação do corpo sendo utilizado como objeto do artista dentro da performance nas artes visuais. A aproximação do teatro e da dança nas artes visuais mudou a noção do uso do corpo como objeto participante ou principal da obra do artista plástico.

"A história do corpo é muito anterior ao que se costuma encontrar nos livros de História da Arte, que, frequentemente, iniciam o uso do corpo nas artes perto do final do século XX. Pensar em uma história da performance e, sobretudo, o corpo como objeto dessa linguagem nas artes visuais nos faz indagar algumas questões como: o corpo é o objeto do artista? Qual a preocupação com a construção do corpo dentro da performance nas artes visuais? Estas questões são ponto de partida para abordarmos este tema, que está intrinsecamente presente na sociedade atual. A intenção deste artigo não é compor uma historiografia da performance nas artes visuais, pois há inúmeras publicações a respeito, mas sim relevar sua importância dentro das artes visuais e discutir a condição do corpo do performer como proposta de suporte para sua realização.
Desde os remotos tempos das cavernas o homem quis transmitir informações por meio de desenhos e pinturas, entalhando nas paredes ou usando fluidos de animais e extratos de plantas. A necessidade de sobrevivência para o homem sempre foi uma constante e a necessidade de se expressar também deu início a uma forma para comunicar seus sentimentos a seus iguais. O corpo, dentro da história, foi, muitas vezes, estigmatizado e conduzido a ações canalizadas ora pelos déspotas, ora pela Igreja ou pelas regras da sociedade.
Passando à modernidade, já nos anos 1950, nos Estados Unidos, alguns artistas, como Jackson Pollock (1912-1970) e Willem de Kooning (1904-1997), utilizavam o gesto como essencial para suas pinturas. Pollock inova com a técnica de gotejamento das tintas em um plano horizontal e o faz com a ajuda do corpo, ao gotejar essas tintas na tela. O objeto ainda continua sendo a tinta no plano, então, a tela; o corpo do artista é somente um canalizador da arte final, da arte que ele pensou e estudou para realizar. Tal como Pollock, Willem de Kooning em meados das décadas de 1950 e 1960 utiliza o gesto, que os críticos valorizavam muito; a pintura podia ser importante, mas o gesto participava da obra, era quase como uma representação do estado de espírito do artista, uma canalização da vida
urbana que se vivia, sobretudo no novo polo de arte: Nova York. O gesto, então, passa a ser um diferencial daqueles que queriam fazer sucesso com o Expressionismo Abstrato, rompendo com a figuração.
Segundo a autora RoseLee Goldberg (2006, p. 3), a performance nas artes visuais começou a ser aceita como “expressão artística independente na década de 1970. Naquela época, [como] arte conceitual”. Anteriormente a esse evento, o corpo como expressão é utilizado há séculos, pela dança e pelo teatro, que foram, então, absorvidos e, naturalmente, agregados nas artes visuais. Podemos, então, dizer que o corpo foi incorporado como objeto de uma nova linguagem."

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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Relação teatro x performance

Texto de Eleonora Fabião

"Fato é que entrecruzamentos entre teatro e performance são moeda corrente nos palcos contemporâneos. Grupos de teatro experimental como o britânico Forced Entertainment, o norte-americano Wooster Group, ou os brasileiros Teatro da Vertigem, Orlando Furioso, Coletivo Improviso, Michel Melamed e sua cena-poesia, para citar alguns poucos casos, desenvolvem trabalhos consonantes com o universo da performance (sejam eles direta e conscientemente influenciados, ou não). Considero a inclusão da prática e da teoria da performance no circuito do estudo, da pesquisa e da criação teatral estimulante por vários motivos: para a ampliação de pesquisas corporais e o investimento em pesquisa específica sobre dramaturgia do corpo; ampliação do repertório de métodos composicionais e o investimento em pesquisa específica sobre dramaturgia do ator; investigação sobre diálogo entre gêneros artísticos e sobre gêneros híbridos; discussão de conceitos através de mais outro viés além da teoria do drama e das histórias e poéticas espetaculares; aprofundamento de debates e práticas teatrais voltados para políticas de identidade e políticas de produção e recepção; valorização de uma investigação específica sobre dramaturgia do espectador."

Exemplo: 
Teatro da Vertigem - "A Última Palavra é a Penúltima"



"Teatro da Vertigem ocupa passagem subterrânea do centro de São Paulo para falar do esgotamento"

"O Teatro da Vertigem investe em mecanismos dramatúrgicos de alta voltagem performativa para a criação de seus espetáculos. O grupo privilegia a dramaturgia do ator, ou seja, processos criativos onde o ator não é exclusivamente intérprete, mas co-autor do espetáculo assim como o diretor, o cenógrafo, o iluminador, o figurinista e todos os demais membros da equipe que, geralmente coordenados por um diretor, colaboram para a criação da dramaturgia do espetáculo. Ou, como os atores do Vertigem definem sua função, o ator “é simultaneamente autor e performer”."

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Breve histórico da "performance art" no Brasil e no mundo

Texto de José Mário Peixoto Santos.

Resumo

"Este artigo apresenta uma introdução à história da arte da performance no Brasil e no mundo de maneira multidisciplinar desde as primeiras experiências (década de 1970) até as produções contemporâneas. Também descreve e analisa as performances mais representativas exibidas por artistas plásticos internacionais e nacionais num diálogo entre teorias filosóficas e conceitos da arte contemporânea – ênfase na História da arte. Para tal articulação foram fundamentais os conceitos e as teorias de Guy Debord; Gregory Battcock; RoseLee Goldberg; Richard Schechner; Peggy Phelan; Jorge Glusberg; Renato Cohen; Maria Beatriz de Medeiros; Lucia Santaella. Algumas manifestações artísticas como a body art, o 
happening e a instalação são tangenciados ao longo do texto."

"Apesar da febre, valeu"


sexta-feira, 25 de julho de 2014


O Festival Performance Arte Brasil reuniu artistas e palestrantes que discutiram a prática dessa expressão artística no país, sendo assim, o primeiro evento de abrangência nacional. O festival aconteceu no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro do dia 22-27/03/2011, com uma verdadeira maratona diária do meio-dia às 20 horas. 
A curadora geral, Daniela Labra, relata: 
"Performance Arte Brasil foi um encontro nacional de curadores, pesquisadores e artistas, voltado para a discussão de seus desdobramentos estéticos no campo das artes visuais. O evento teve a duração de seis dias consecutivos e ofereceu em sua programação ações ao vivo, palestras, vídeos, filmes de artistas e videoinstalações, reunindo cerca de cinquenta profissionais que lidam com a prática performática nas diferentes regiões brasileiras.
As atividades apresentadas proporcionaram ao espectador-participante experiências calcadas no tempo presente e na ação real, que dispensa recursos de representação para se alinhar com o risco do acaso. Desse modo, todo o festival se dedicou à fruição e também à reflexão da performance arte: esta peculiar prática artística interdisciplinar que processa e ressignifica em ações presenciais de alta carga poética atos extraídos do cotidiano.
A pluralidade de artistas e propostas que integram a programação foi conseguida graças à equipe curatorial formada por especialistas de diferentes estados brasileiros. Conceitualmente, pode-se dizer que as atrações se dividiram em dois núcleos: o Contemporâneo, que localiza artistas e pesquisadores com carreiras iniciadas há menos de quinze anos; e o Histórico, que discutiu artistas, obras e acontecimentos de referência cuja revisão crítica integra o projeto de construção de uma historiografia da performance arte nacional, ainda em formação.
Em um momento em que a performance arte se reposiciona com força no cenário artístico contemporâneo, eventos de caráter nacional como este são importantes para afirmar a qualidade deste tipo de produção e refletir sobre a sua potência estética, no Brasil e no mundo.
Performance Arte Brasil tratou-se de um encontro inédito, neste formato, junto a uma instituição de referência como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Sua realização foi possível por meio do apoio para Festivais de Fotografia, Performance e Salões da Funarte/MinC.
A todos os artistas, curadores, técnicos e espectadores envolvidos no acontecimento desta grande experiência estética,  expressamos aqui o nosso muito obrigada." 
Os artistas que participaram do evento são: 
Alex Hamburger (RJ)
Desde o início de suas atividades nos anos 1980, teve seus interesses voltados para as possibilidades interativas, de fusão e entrecruzamento disciplinar, desenvolvendo trabalhos de poesia visual, sonora, instalações e performances, tendo contribuído de forma decisiva para uma melhor aceitação dessas técnicas no circuito artístico local.
Alexandre Sá (RJ)
É doutorando e mestre em Linguagens Visuais, professor, poeta e crítico. Atua como teórico, artista plástico e poeta. Lida com diversas linguagens (performances, instalações, textos críticos e vídeo) e sua particularidade é o diálogo entre teoria e prática artística. Tem textos publicados em revistas especializadas e atualmente vem desenvolvendo trabalhos como curador.
Ana Montenegro (SP)
Vive e trabalha em São Paulo, é artista visual e atua desde 2000 com enfoque na linguagem da performance. Atualmente toma como ponto de partida para a realização das ações o cruzamento entre a performance e o protocolo da imagem nos meios digitais, para questionar a fronteira entre realidade e ficção.
Armando Queiroz (PA)
Sua produção artística abrange desde objetos diminutos até obras em escala maior, intervenções urbanas, vídeos e performances. Detém-se conceitualmente às questões sociais, políticas, patrimoniais e relacionadas à arte e à vida.
Aslan Cabral (PE)
Nascido em 1980, realiza inúmeras performances diariamente, em que desempenha o seu lado artístico, político, religioso, entre outros. Estudou performance com Daniela Labra (BR), Valerie Vivancos (FR), Mariana Abramovich (SER), bem como com seus parentes, vizinhos e amigos.
Claudia Paim (RS)
Artista visual com produção em performance, vídeo, instalações sonoras e fotografia. Professora de poéticas visuais na Universidade Federal do Rio Grande. Tem textos publicados e exposições individuais e coletivas no Brasil e exterior. Áreas de pesquisa: coletivos, performance e corpo.
Coletivo Filé de Peixe (RJ)
Há cinco anos desenvolve projetos de intervenção urbana com base no audiovisual. Desde 2009, realiza o projeto PIRATÃO, prática artística que investiga e simula a economia informal e pirata para a difusão de videoartes.
Corpos Informáticos (DF)
Sediado em Brasília, atua em performance, videoarte, composição urbana e webarte desde 1992. Publicou os livros Corpos Informáticos. Arte, cidade composição (PPG-Arte/UnB, 2009) e Corpos Informáticos: arte, corpo, tecnologia (PPG-Arte/UnB, 2006).
Daniel Toledo (RJ)
Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e é formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ, onde atualmente faz mestrado em Linguagens Visuais. Desenvolve seu trabalho desde 2000. Participou de exposições no Brasil e no exterior em instituições como Fondation Cartier pour l’Art Contemporain em Paris e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Davi Ribeiro (RJ)
Artista visual, performer e pesquisador, graduado em Artes Plásticas pela UERJ, é membro do corpo editorial da revista Gambiarra e mestrando em Ciência da Arte pela UFF. Por dois anos, foi artista visitante da mesma Universidade. Desde sua primeira individual em 2005 (Relicários Sociais), participou de diversos eventos e exposições no Brasil e no exterior.
Edson Barrus (PE/RJ)
Fundou e supervisionou de 2002 a 2006 o Espaço de Autonomia Experimental Rés do Chão no Rio de Janeiro, é propositor das Quarentenas Açúcar Invertido e do Projeto Cão Mulato e editor da revista Nós Contemporâneos (barrusMÀIPRESSÃOeditora). Tem textos publicados nas revistas Item, Lugar Comum, Arte & Ensaios e Global Brasil. Atua como art trainee dinamizando a circulação de ideias e fomentando a reflexão sobre processos de criação.
Fernanda Bec (RS)
Nasceu em Porto Alegre, RS, em 1984. Formada em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS, explora principalmente as linguagens da fotografia e da performance em seus trabalhos. Atualmente, o foco de suas pesquisas é a efemeridade do cotidiano, o banal, o tempo fugaz.
Fernanda Magalhães (PR)
Artista, fotógrafa e performer, é professora da UEL e doutora em Artes pela Unicamp. Recebeu o VIII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia 1995 Minc/Funarte. Publicou os livros A estalagem das almas com a escritora Karen Debértolis (Travessa dos Editores, 2006) e Corpo re-construção ação ritual performance (Travessa dos Editores, 2010).
Flávia Vivacqua (SP)
Desde 1998 vem realizando exposições de suas performances, intervenções, instalações e fotografias em diversas cidades brasileiras e no exterior. Diretora fundadora da Nexo Cultural Agência de Designer Cultural e Sustentabilidade e idealizadora da rede COROColetivo de arte e ativismo, existente desde 2003, ganhou prêmios como o Conexões Artes Visuais 2007.
Franklin Cassaro (RJ)
O bioconcretismo nasceu quando Franklin Cassaro soprou o cubo, dando vida à mítica forma. Suas esculturas são órgãos em processo de formação, que dobram e redobram tecidos sintéticos-sociais-performáticos-midiáticos, tendo em seu centro a ação.
Gê Orthof e Cecília Aprigliano (DF)
Gê Orthof é artista plástico e professor do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília. É pós-doutor pela School of the Museum of Fine Arts, Boston, doutor e mestre em Artes Visuais pela Columbia University, Nova Iorque, e fulbright scholar na School of Visual Arts, Nova Iorque. Coordena o grupo de pesquisa Moradas do Íntimo.
Cecília Aprigliano é gambista profissional desde 1985. Estudou Viola da Gamba por sete anos em Nova Iorque. Fez especialização em Lyon/França e Boston/EUA. Desde 1995, é professora de viola da gamba na Escola de Música de Brasília. Em 2004, iniciou a parceria com Gê Orthof. Atua como solista e camerista no Brasil e no exterior.
GIM (RJ)
Coletivo multidisciplinar que pesquisa a relação entre o artista e seu público apresentando performances multimídia com enfoque cooperativo. O GIM atua por meio do Núcleo de Performance do Laboratório de Engenharia do Entretenimento no Centro de Tecnologia da UFRJ e de parcerias público-privadas.
Grupo Empreza (GO)
Formado em 2001, tem trabalhado especialmente no campo da performance e, mais recentemente, com a criação de vídeo e animação. Já participou de encontros de coletivos, residências artísticas e mostras nacionais e internacionais. Seus integrantes vivem e trabalham nas cidades de Goiânia, Brasília e São Paulo.
Grupo SYA (CE)
Atua nos campos experimentais da arquitetura robótica, do cinema-cidade, do corpo e de suas relações com a tecnologia. O grupo é formado por Solon Ribeiro, Yuri Firmeza e Artur Cordeiro. Pensa o espaço poético dentro do contexto urbano sensível e gera reflexões sobre o habitat e as formas de manifestação da vida contemporânea.
Jéssica Becker (RS)
Doutoranda em “Arte: Producción e Investigación” na UPV, Espanha (2010/2014), possui o título de mestre pelo PPGAV-IA/UFRGS (2009/2011) e Especialização em Produção Artística (2009/2010) também pela UPV/Espanha. Interessa-se pela produção e pesquisa de arte de ação, desenvolvendo sua prática em ações públicas e de autoapresentação, intervenções urbanas e performances.
João Rosa (SC)
Bacharel em Artes Plásticas pela UESC.
 O artista busca o pensamento altruísta, tocar e transformar a percepção humana, mesmo que isso não tenha qualquer resultado, por meio da performance fundamentada na escultura, no cinema e no movimento aleatório. Participou de projetos em instituições como no Museu Serralves, Portugal, Academy of Art University, EUA e Museu Victor Meirelles, Florianópolis.
Juliana Notari (PE)
Formada em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Com formação multidisciplinar, transita por diferentes linguagens e tem no seu trabalho uma acentuada influência da psicanálise e filosofia. Vem realizando exposições no Brasil e no exterior.
Lourival Cuquinha (PE)
Seus trabalhos refletem a respeito do indivíduo e do controle social e cultural sobre este. Atuando na cidade e na instituição, sua obra surge como local de provocação e nos leva a pensar sobre o lugar que a arte pode ocupar nas negociações pelo exercício da liberdade, experimentando seu alcance de intervenção no sistema da arte e na realidade que o circunda.
Luana Aguiar e Pedro Moreira Lima (RJ)
Luana Aguiar – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estuda no Instituto de Artes da UERJ e teve passagem pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Participou de diversas exposições coletivas, como a Novíssimos 2010 na Galeria de Arte IBEU, e do evento Viradão Carioca 2010 na Praça Tiradentes. Em Belo Horizonte, participou da Bienal de Arte Universitária da UFMG.
Pedro Moreira Lima – Atua como artista plástico, literato e membro do grupo de estudos Juventude Líquida: Estética / Cotidiano / Acontecimentos.
Maicyra Leão (SE/DF)
Coordenadora do Núcleo de Teatro da Universidade Federal de Sergipe, doutoranda em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia e mestre em Arte Contemporânea pela Universidade de Brasília. Atualmente, desenvolve pesquisa sobre processos colaborativos de criação em performance.
Maíra Vaz Valente (SP)
Trabalha a partir de práticas performativas no campo da visualidade e seus desdobramentos. Convoca seu público a tomar parte de ações semelhantes a jogos. Graduada em Artes Plásticas na ECA/USP, é cocriadora do grupo de estudos Núcleo Aberto de Performance, um espaço colaborativo de pesquisa e imersão nas questões referentes à performance e sua história.
Marcela Levi (RJ)
Performer e coreógrafa. Seu mais recente trabalho, Em redor do buraco tudo é beira, foi contemplado pelo Programa de Bolsas Funarte 2008 e recebeu o Prêmio Reconhecimento ZKB/Zürcher Theater Spektakel, Zurique, em 2010. Paralelamente, colabora com as coreógrafas Vera Mantero, Dani Lima e Lia Rodrigues.
Marco Paulo Rolla (MG)
Artista multidisciplinar, é fundador e coordenador do CEIA e mestre em Artes pela UFMG. Foi residente na Rijksakademie van Beeldende Kunsten em Amsterdã e expõe suas obras desde 1986 no Brasil e no exterior. Sendo performance um meio especial em sua produção artística, ministra desde 2009, na escola Guignard, uma disciplina deste tema.
Marcus Vinícius (ES)
É artista, pesquisador e curador independente. Realiza projetos de intercâmbio e produção em performance e live art. Coordena o LAP! _Laboratório de Ação & Performance e o TRAMPOLIM _plataforma de encontro com a arte da performance, em Vitória, ES. Já se apresentou no Reino Unido, Argentina, México, Estados Unidos, Itália, entre outros.
Margit Leisner (PR)
Estudou Artes Visuais na F + F Schule für Kunst und Mediendesign Zürich. Integrou a iniciativa PerformancePoolZürich. Realizou o inventário do Arquivo de Performance Arte Schwarze Lade/Black Kit, Seedamm Kulturzentrum. É interessada em contextos relacionados à cultura da performance e as suas possibilidades como sistema aberto no âmbito da arte.
Michel Groisman (RJ)
Inventa equipamentos que servem para investigar diferentes modos de como se relacionar consigo mesmo e com o outro.
Micheline Torres (RJ)
Bailarina, coreógrafa e performer. Formada em balé clássico e dança contemporânea, estudou Artes Cênicas e Filosofia. Trabalhou por doze anos como bailarina e assistente da Lia Rodrigues Companhia de Danças. Desenvolve trabalhos próprios situados entre a dança contemporânea, a performance e as artes visuais. Integrante do coletivo internacional Sweet and Tender Collaborations.
Nadam Guerra (RJ)
Nasceu em 1977 no Rio de Janeiro. Artista visual e performer, coordena o programa de residências artísticas Terra UNA. Vive e trabalha em Liberdade, MG.
Opavivará (RJ)
Coletivo de artistas do Rio de Janeiro formado em 2005. Tem como proposta realizar experiências poéticas coletivas/interativas, buscando deslocar todos os participantes de suas funções institucionais. Atuando no panorama das artes em todo Brasil, já participaram da VERBO, mostra anual de performance da Galeria Vermelho, em São Paulo, e do SPA em Recife.
Orlando Maneschy (SP)
Artista, curador independente e crítico. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Vem participando de projetos no país e no exterior, como Projeto Arte Pará 2008-2010; Wild Nature, Alemanha, 2009; e Equatorial, Cidade do México, 2009. É editor e autor de livros, como Já! Emergências Contemporâneas.
Otávio Donasci (SP)
Mestre em Artes pela USP, atualmente é professor de Artes do Corpo da PUC-SP. Atua principalmente nos seguintes temas: videoperformance, educação superior, teatro contemporâneo, instalação multimídia e videocriaturas.
Pontogor (RJ)
Sua pesquisa tem foco em meios como vídeo, fotografia, instalação, performance e som. Em processos peculiares, seus trabalhos são desenvolvidos com equipamentos como TVs, vitrolas, mesas de som, equipamentos encontrados e eletrônicos modificados, sempre usando o erro e o acaso como ferramentas.
Ronald Duarte (RJ)
Nascido em Barra Mansa, em 1962, é mestre em Linguagens Visuais pela EBA/UFRJ. Artista de ações visuais, vem nos últimos anos realizando ações e acontecimentos em arte contemporânea. Trabalha especificamente com a urgência urbana, aquilo que precisa ser feito, dito, exposto, visualizado; “aqui e agora”.
Shima (SP)
Nasceu em São Paulo, SP. Formado em Desenho Industrial, realizou residências artísticas na Holanda (2007), Japão (2008), Goiânia (2009) e Bélgica (2010). Foi selecionado pelo Programa Rumos Artes Visuais 2008-2009 e é artista residente do Programa Bolsa Pampulha 2010-2011. Vive e trabalha em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro.
Victor de La Rocque (PA)
Graduando em Artes Visuais e Tecnologia da Imagem pela Universidade da Amazônia, possui uma produção artística em performance que se expande em um rastro por meio de objetos, instalações, vídeos e fotografias. Participa de exposições coletivas e festivais desde 2007, e ganhou prêmios em salões como o 1° Grande Prêmio Arte Pará 2008.
Yftah Peled (SC)
Radicado no Brasil desde 1991, é formado em Escultura pela Emerson College, Inglaterra, com equivalência em Escultura pela UDESC/SC, mestre em Teatro (UDESC/SC) e doutorando em Poéticas Visuais pela ECA/USP. Seus projetos recentes focam em performance, participação e performatividade. Participou de exposições como o Projeto Parede MAM São Paulo.
Zmário (BA)
Vive e trabalha em Salvador, Bahia. Sua produção gira em torno da performance, da body art e dos processos de impressão. É mestre em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFBA. Já participou de festivais como Zonadeartenacción em Buenos Aires, Argentina, e foi mapeado pelo Programa Rumos Visuais 2001-2003 do Itaú Cultural.

Alex Hamburger – “Nouvelle Vague?” / fotos: Julio Callado
A ação procurará discutir de uma forma contundente a real pertinência e contradições da linguagem perform/ativa no circuito local das artes.

Franklin Cassaro - “Teaser Drum uma batucada portátil no abrigo bioconcreto”





Referências:
- http://www.performanceartebrasil.com.br/
- http://rioshow.oglobo.globo.com/exposicoes/galerias/festival-performance-arte-brasil-4345.aspx
 

A Cena Contemporânea da Performance

Quais são as tendências dramatúrgicas gerais da performance? 
No texto "Performance e teatro: poéticas e políticas da cena contemporânea" de Eleonora Fabião, define-se bem essa questão. Ela que é "professora Adjunta e Coordenadora do Curso de Direção Teatral da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é Doutora em Estudos da Performance pela New York University (2006), Mestre em Estudos da Performance pela New York University (2001) e Mestre em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1996). Possui graduação em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (1989) e em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1989). Trabalha principalmente com os seguintes temas: arte da performance, estudos da performance, direção teatral, arte do ator, dramaturgias do corpo e dramaturgia experimental contemporânea." 

Segue abaixo um fragmento do texto: 


Sugiro que podemos encontrar em programas performativos alguns elementos dramatúrgicos discerníveis. Porém, veja-se bem, restrinjo-me a apontar tendências gerais, pois considero vão, mesmo equivocado, qualquer esforço no sentido de definir o que seja “performance”. Trata-se de um gênero multifacetado, de um movimento, de um sistema tão flexível e aberto que dribla qualquer definição rígida de “arte”, “artista”, “espectador” ou “cena”. Como a performance indica, desafiar princípios classificatórios é um dos aspectos mais interessantes da arte contemporânea. A suspensão de categorias classificatórias permite o desenvolvimento de “zonas de desconforto” onde sentido se move, onde espécimes ontológicos híbridos, alternativos e sempre provisórios podem se proliferar. Porém, é preciso frisar: não se trata de um elogio à falta de clareza, de fetichisar o misterioso, muito pelo contrário: trata-se simplesmente de reconhecer e investigar a extrema vulnerabilidade dos ditos “sujeitos” e “objetos” e torná-la visível. Dito isto, consideremos algumas tendências dramatúrgicas na performance:
1) o deslocamento de referências e signos de seus habitats naturais (como quando a cela
da prisão ocupa o apartamento/studio do artista); 2) a aproximação e fricção de elementos de distintas naturezas ontológicas (como quando a cirurgia plástica, o set cirúrgico e o corpo cortado tornam-se públicos e cênicos); 3) acumulações, exageros e exuberâncias de todos os tipos (como quando um pote de maionese custa 100 dólares); 4) aguda simplificação de materiais, formas e idéias num namoro evidente com o minimalismo (como quando uma barra de gelo e o empurrar são suficientes); 5) a aceleração ou des-aceleração da experiência de sentido até seu colapso (como quando se mastiga e se engarrafa um clássico da crítica de arte); 6) a aceleração ou des-aceleração da noção de identidade até seu colapso (ou até que um espectador queira fazê-la puxar o gatilho); 7) o desinteresse em performar personagens fictícios e o interesse em explorar características próprias (etnia, nacionalidade, gênero, especificidades corporais), em exibir seu tipo ou estereótipo social (ou convidar transeuntes para que apalpem seus seios através das cortininhas de uma maquete de palco italiano); 8) o investimento em dramaturgias pessoais, por vezes biográficas, onde posicionamentos e reivindicações próprias são publicamente performados (como o sexo anal com um pênis-barbie); 9) o curto-circuito entre arte e não-arte (sempre); 10) o estreitamento entre ética e estética (sempre); 11) a agudez conceitual (muita); 12) o encurtamento ou a distensão da duração até limites extremos (como quando uma única ação dura um ano inteiro) e a irrepetibilidade (como quando uma ação única é tudo); 13) a ritualização do cotidiano e a desmistificação da arte (como quando alguém come um doce, cheira o mar ou paga uma conta atrasada a pedido de um exilado e exibe fotos dessas ações numa galeria); 14) a ampliação dos limites psicofísicos do performer (seja se desfigurando ao feder abjetamente em espaços públicos, ou subindo uma escada de laminosos degraus); 15) a ampliação da presença, da participação e da contribuição dramatúrgica do espectador (que por vezes se vê diretamente implicado na ação).
Estrategicamente, a performance escapa à qualquer formatação, tanto em termos das mídias e materiais utilizados quanto das durações ou espaços empregados. Como sugere Eduardo Flores (o homem mexicano que comemorou seu aniversário com bolo e enfeites na calçada) numa acertiva propositalmente generalizante, “a matéria da performance é a vida, seja do espectador, do artista, ou ambas”. A arte do performer, eu arrisco, trata de evidenciar e potencializar a mutabilidade e a vulnerabilidade do vivo e da vivência."





Referências: 
- http://www.universidadedasquebradas.pacc.ufrj.br/o-que-e-a-performance-com-eleonora-fabiao/
- http://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57373